Exposição Roxana Casale – Argentina

Interessa-me criar um corpo de obra suficientemente amplo para acolher percepções que me permitam conectar linguagens da arte, a fim de criar novas afinidades e associações que, em primeiro lugar, me ajudem a conhecer — ainda que não em sua totalidade — os alcances do “meu mundo” e do mundo que me rodeia, tocando em temas que me comovem, às vezes por sua beleza, outras por sua complexidade, por sua carga de conflitos.

 

As artes nos oferecem conhecimento na medida em que fomentam e estimulam nossas capacidades de sentir empatia ao nos encontrarmos com a essência do outro; de realizar raciocínios alternativos ao empregarmos nossas habilidades imaginativas e sensíveis; e nos dão a oportunidade de trazer à tona temas difíceis de serem abordados.

 

É assim que concebo cada corpo de obra: como um arquivo aberto, um registro, uma espécie de caderno de bordo dos meus interesses, pensamentos e olhares.

 

Para a mostra que apresento na Galeria Núcleo, decidi colocar em diálogo duas séries:

“Violenta opressão” e “Delicado equilíbrio”

 

As peças que compõem Violenta opressão falam do mestiçamento forçado, de um passado e presente de dominação iniciado com a chegada dos espanhóis à América, gerando transformações e fusões que a civilização branca, com sua pretensa superioridade, impôs às culturas existentes — deixando marcas indeléveis que atravessam o tempo, os corpos, as culturas…

 

A fogo e sangue naturalizaram valores, costumes, idiomas, crenças, que, unidas ao afã do lucro, ainda hoje percorrem o nosso continente.

Pode-se pensar que o conceito de globalização não é novo; começou com a conquista.

 

A série “Delicado equilíbrio” parte da pergunta:

O que acontece quando indivíduos ou grupos sociais se distanciam dos demais, querendo fazer valer direitos e privilégios que consideram adquiridos e superiores aos dos outros?

Certamente provocarão incerteza, insatisfação e desesperança entre os excluídos.

Mais cedo ou mais tarde, as tensões explodirão, gerando violência e mudanças no paradigma social.

 

Camadas e mais camadas de políticas de livre mercado acabam por deixar exposta a realidade dos desafortunados e vulneráveis, entregues à própria sorte num caminho de invisibilização.

 

Dois períodos históricos, separados por séculos, falam de situações dolorosas e se unem em um:

“Passado e presente contínuo.”

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BJW 2025 - 6° edição


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