Que No Entre Nadie

No contínuo diálogo entre o Brasil e outros países da América Latina, o Núcleo apresenta a exposição individual da joalheira mexicana Ana Villalba, uma artista que nos convida a explorar as camadas mais profundas da psique e a complexa relação entre o que escolhemos ocultar e o que decidimos revelar ao mundo.

Villalba nos apresenta uma série de obras em que a prata e o papelão — reaproveitado de embalagens do cotidiano — se encontram e se reconstroem em uma dança poética. A prata, impregnada de história e tradição, assume formas assimétricas, como se moldada por um fluxo constante de pensamento, sugerindo uma memória que insiste em permanecer. O papelão, por sua vez, ressignificado e cheio de reminiscências, ergue-se como símbolo do ato de envolver e proteger aquilo que consideramos valioso. Esses materiais contrastantes, em vez de se anularem, encontram harmonia e se complementam, resultando em refúgios portáteis, pequenas esculturas que evocam a urgência de guardar e preservar nossa intimidade mais profunda.

Um refúgio de pedra, a cantera — material poroso e leve que remete à imagem de uma estrutura esculpida — apresenta formas seccionadas, crescentes e ascendentes, cujos contornos definidos criam volumes complexos. Aqui, Villalba constroi uma interioridade fragmentada, uma paisagem psíquica esculpida para proteger a intimidade do mundo exterior — uma concha protetora que revela sua própria vulnerabilidade através da matéria.

Suas criações são convites a um diálogo silencioso, mas profundamente estimulante, com o espectador. Villalba nos propõe a experiência de nos despojarmos de nossas camadas de proteção e enfrentarmos nossa própria fragilidade, abrindo espaço para refletir sobre o que escolhemos mostrar e o que preferimos manter oculto.

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BJW 2025 - 6° edição


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